domingo, 14 de junho de 2009

Delegação do Haiti visita o Brasil


Internacional
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Haitianos vêm ao Brasil reforçar campanha pela retirada das tropas da ONU do país caribenho
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Uma delegação de três haitianos visita o Brasil na próxima semana, com o objetivo de reforçar a campanha internacional pela retirada das tropas de ocupação da Organização das Nações Unidas – ONU do Haiti e denunciar a situação de carência, pobreza extrema e falta de soberania em que vive o país mais pobre das Américas. O Haiti possui 80% da sua população vivendo abaixo da linha da pobreza, com uma expectativa de vida de apenas 51 anos. .
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No dia 16/6, os haitianos comparecem à audiência pública promovida pelo Senado Federal para discutir os cinco anos da participação brasileira na Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti – Minustah. Ainda nessa data, eles se reunirão com membros do Itamaraty. No dia 17/6, a delegação participará dos protestos promovidos pelos servidores públicos federais brasileiros contra o PLP 092/2007, que cria as fundações estatais. De 18 a 25/6, eles se dividem e partem para participar de atividades diversas em todas as regiões do país.
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Luta e repressão - Carole Pierre Paul-Jacob, dirigente da organização Solidariedade das Mulheres Haitianas – SOFA, Frantz Dupuche, membro da Plataforma Haitiana em Defesa de um Desenvolvimento Alternativo – PAPDA e Didier Dominique, membro da Central Sindical e Popular Batay Ouvriyer, chegam ao Brasil em um momento complicado da luta dos trabalhadores haitianos por melhores condições de vida e trabalho.
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Ao mesmo tempo em que contabilizam exatos cinco anos da ocupação do país, os haitianos saem às ruas para pedir o reajuste do salário mínimo vigente, congelado desde 2003. No dia 4/6, dezenas de estudantes universitários foram presos ou ficaram feridos, e um deles foi baleado na cabeça, durante manifestações na capital do país. Os tiros partiram da Polícia local, e também da Minustah.
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“A ocupação do Haiti, desde 2004, sob o comando das tropas brasileiras, só tem agravado a situação de extrema miséria e repressão em que vive o povo haitiano. Por isso, nós, brasileiros, não podemos nos furtar de apoiá-los na luta contra a retirada das tropas da ONU daquele país”, afirma o 1º vice-presidente do ANDES-SN, Antônio Lisboa, que esteve no Haiti, ao lado de outros companheiros da Conlutas, representando os trabalhadores brasileiros, durante as atividades do 1º de Maio, o Dia do Trabalhadores.
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Reajuste salarial - Dirceu Travassos, dirigente da Conlutas, conta que a repressão policial no Haiti piorou muito nos últimos dias, em função dos protestos pelo aumento dos salários. Segundo ele, o salário-mínimo haitiano vale, hoje, 70 gourdes, o equivalente a U$ 1,7 diários, ou menos do que R$ 100 por mês. O valor é o mesmo pago desde 2003, quando houve o congelamento.
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Entretanto, o custo de vida no Haiti vem subindo muito, principalmente após 2007. E é a própria legislação trabalhista haitiana que prevê que, caso a inflação ultrapasse 10%, o valor do salário-mínimo tem que ser reajustado. Dessa forma, com a pressão popular, o parlamento haitiano aprovou, em abril passado, uma lei que aumenta o mínimo para 200 gourdes, ou U$ 4 por dia, ou ainda, menos de R$ 200 por mês.
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As manifestações que têm ocorrido no país são justamente para que essa Lei entre em vigor, embora os trabalhadores reconheçam que o valor fica aquém do necessário para recuperar o poder de compra verificado há 15 anos. O ideal seria entre 550 e 600 gourdes diários. Ainda assim, o presidente do Haiti se recusa a promulgar a Lei.
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Por Najla Passos
ANDES-SN
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